Jorge Amado nasceu na fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna. Filho do "coronel" João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado, foi para Ilhéus com apenas um ano e lá passou a infância e descobriu as letras. A adolescência ele viveria em Salvador, no contato com aquela vida popular que marcaria sua obra.
Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia", época em que também escreveu na revista literária "A Luva".
Estreou na literatura em 1930, com a publicação (por uma editora carioca) da novela "Lenita", escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Seus primeiros romances foram "O País do Carnaval" (1931), "Cacau" (1933) e "Suor" (1934).
Jorge Amado bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro (1935), mas nunca exerceria a profissão de advogado. Em 1939, foi redator-chefe da revista "Dom Casmurro". De 1935 a 1944, escreveu os romances "Jubiabá", "Mar Morto", "Capitães de Areia", "Terras do Sem-Fim" e "São Jorge dos Ilhéus".
Em parte devido ao exílio , Jorge Amado viajou pelo mundo e viveu no Uruguay e na Argentina (1941-2) e, depois, em Paris (1948-50) e em Praga (1951-2).
Voltando para o Brasil , redigiu a seção "Hora da Guerra" no jornal "O Imparcial" (1943-4). Mudando-se para São Paulo, dirigiu o diário Hoje (1945). Anos depois, no Rio, participaria da direção do semanário "Para Todos" (1956-8).
Em 1945, foi eleito deputado federal por São Paulo, tendo participado da primeira Câmara Federal posterior ao Estado Novo. Nessa condição, foi responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. De 1946 a 1958, escreveria "Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade" e "Gabriela, Cravo e Canela".
Em abril de 1961, foi eleito para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras (sucedendo a Otávio Mangabeira). Na década de 1960, lançou os romances "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água", "Os Velhos Marinheiros, ou o Capitão de Longo Curso", "Os Pastores da Noite", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Tenda dos milagres". Nos anos 1970, viriam "Teresa Batista Cansada de Guerra", "Tieta do Agreste" e "Farda, Fardão, Camisola de Dormir".
Suas obras foram traduzidas para 48 idiomas. Muitas se viram adaptados para o cinema, o
teatro, o rádio, a televisão. Seus últimos livros foram "Tocaia Grande" (1984), "O Sumiço da Santa" (1988) e "A Descoberta da América pelos Turcos" (1994).
Além de romances, escreveu contos, poesias, biografias, peças, histórias infantis e guias de viagem. Zélia Gattai, sua esposa, é autora de "Anarquistas, Graças a Deus" (1979), "Um Chapéu Para Viagem" (1982), "Senhora Dona do Baile" (1984), "Jardim de Inverno" (1988), "Pipistrelo das Mil Cores" (1989) e "O Segredo da Rua 18" (1991). O casal teve dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças infantis; e Paloma, psicóloga.
Jorge Amado morreu perto de completar 89 anos, em Salvador. A seu pedido, foi cremado, e as cinzas , colocadas ao pé de uma árvore (uma mangueira) em sua casa.
Dona Flor e seus dois maridos
Dona Flor e Seus Dois Maridos foi publicado em 1966. Também se tornou muito conhecido devido a uma versão cinematográfica, que até hoje é o maior público do cinema nacional de todos os tempos, com 11 milhões de espectadores.
Alternando palavras e descrições extremamente realistas da vida boêmia da Salvador dos anos 40, com passagens mais amenas sobre comida e remédios, o livro é um extenso e nostálgico painel do cotidiano e do passado da vida baiana.
Tieta do Agreste
Tieta do Agreste é outro entre os mais conhecidos livros de Jorge Amado. Também teve filme, estrelado por Sônia Braga. Além disso, uma novela da Globo em 1989, com Betty Faria no papel principal. Foi publicado em 1977.
O livro apresenta uma situação dramática clássica: a da mulher que volta rica e poderosa à cidade de onde fora expulsa 26 anos antes, quando ainda era adolescente. À sua volta estão típicos representantes do interior baiano, lutando pela sobrevivência, defendendo ou resistindo a preconceitos, almejando pequenas ambições e que compõem um painel vivo dos conflitos provincianos que antecedem a chegada de sinais de progresso – e suas conseqüências.
Mar Morto
Mar Morto é um romance publicado em 1936. O livro trata do nascimento, vida e morte do personagem Guma, que o autor descreve como sendo uma história que se conta nos cais baianos, uma lenda, como ele mesmo diz no final do livro: “assim contam os homens do mar”.
Mar Morto serviu de base para uma adaptação da obra de Jorge Amado para a TV, a novela Porto dos Milagres, com Marcos Palmeira no papel de Guma. Além de Mar Morto, também fez parte da adaptação o romance A Descoberta da América Pelos Turcos. A novela teve grande sucesso quando foi exibida.
Capitães da Areia
Publicado em 1937, o livro retrata a vida de menores abandonados, os “capitães da areia”, nome pelo qual eram conhecidos os “meninos de rua” na cidade de Salvador dos anos 30. Escrito em três partes, com uma sequência de pseudo-reportagens, o romance é um dos mais lidos de Jorge Amado. Capitães da Areia é frequentemente citado como o melhor romance do autor baiano.
Gabriela, Cravo e Canela foi publicado em 1958. A obra é um retorno ao chamado ciclo do cacau. Ao citar o universo de coronéis, jagunços, prostitutas e trambiqueiros de calibre variado, que desenham o horizonte da sociedade cacaueira. Na década de 20 na então rica e pacata Ilhéus desenrola-se o drama, que acaba por tornar-se uma explosão de folia e luz, cor, som, sexo e riso.
Também adaptado para o cinema e para a televisão, Gabriela tornou-se um mito independente de seu autor, na figura sensual de Sônia Braga (que estrelou a versão para cinema e a novela da Globo, em 1975).
24 comentarios:
Gabriela de Jorge Amado, em novela marcou minha infancia-adolescencia...bons tempos aqueles...
e agora tambem...sempre serao bons tempos cada um com seu sabor...lindo final de semana Cris,
um beijo-beso enorme,
Neusa
Neusa, nao sabe o que ele e seus romances foram, sao e seram pra mim.
Conheci, lá em Salvador, no Largo de Pelourinho, a Casa de Jorge Amado, nao vou esquecer jamais da emocao que sentí. Beijos, obrigada pelo seu comentário.
Nistes momentos sinto unha alegría profunda de entender o portugués...
Cuando leí "Gabriela clavo y canela", le añadi, "Gustavo, canela y clavo"
Maria Jesus: Fico feliz porque a leitura do meu blog terá sido a causa da sua alegria.
Beijinhos
Seguro que la entrada esta interesante. Hace escasamente tres semanas que estuvimos en Portugal pero no me dio tiempo de aprender el idioma :-) Así que me he enterado de muy poco.Pero que conste que lo he intentado. Feliz domingo Cris
Querida Katy fue un gusto que me quise dar, homenjear al gran poeta en su idioma. Disculpas a vos y a todos los que no dominan "a língua de Luís de Camões". Quiero que sepas que en un excelente narrador, ardiente como los hijos de esa maravillosa Bahia de Todos los Santos, Encantos y Axé y que leer sus obras es adentrarse en un mundo mágico y atrapante con aroma a canela y café y con un gustito a pimienta malagueta y dendé. Besos.
Por favor Cris, no tienes que disculparte, te dejé mi comentario con todo el cariño del mundo. Solo quería que supieras que había venido a verte y saludarte. Cada uno escribe como quiere en su blog. Y este gesto por tu parte me parece bellísimo.
Un beso
oi Cris fico realmente muito feliz de que a poesia de Thiago de Mello tenha feito bem ao teu coracao...estou para o que der e vier , conte comigo amiga... muchos besitos y que la primavera traiga a vos un jardin lleno de alegrias y paz...enormes abrazos,
Neusa
Cris,
Gostei muitíssimo de vir aqui e encontrar todo esse carinho pela literatura de Jorge Amado. Vou me deter mais um pouco...
Abraços!
Cris,
muchas gracias por tu comentario en mi blog. Tienes un precioso blog. Mar Morto y Capitães da Areia são viejas lecturas que me acompañan. Miguel Hernández es sencillamente un milagro. Un abrazo. Te seguiré. Un abrazo.
A Jorge Amado cabe-lhe um lugar de destaque na literatura brasileira contemporânea e nas minhas preferências. Adoro seus belos retratos da vida e personagens de Salvador de Bahia. Eu gostei muito desta homenagem na sua língua original à qual amo profundamente.
Obrigada. Beijos.
Clea, obrigada pelo seu comentário, Seja ben-vinda e volte sempre! Beijo
Gracias José, me gustó mucho tu blog, y adoré su nombre, recordé una canción de Caetano, Os argonautas, donde escuché por primera vez: navegar é preciso, viver nao é preciso.
Gracias por tu comentario, un saludo cariñoso
Maracujá, (como se nombra en portugués a una deliciosa fruta que comí en tierras de J. Amado), eu também gosto de ler nessa doce língua. Até mais, beijo.
CRIS
Jorge Amado.
grande HOMEM
Grande HOMENAGEM...
uM BEIJO
OUTONO
Estou a ver-te…
Árvore de Outono…
Porque estás nua?
Porque deixaste fugir
As tuas folhas…
E os teus ramos…
Ficaram secos e frios…
Longos e nus…
Porque deixas
Porque sofres?
Porque tem frio?
Porque…
É preciso renascer…
É preciso sofrer…
Para viveres novamente…
E assim árvore nua…
Vais voltar…
Mais frondosa…
Mais bonita…
E…
Vais estar outra vez…
Pronta para a nova primavera…
Lili Laranjo
Muito obrigada Lili!, você prestigia meu blog. Agradeco a generosidade de seu presente, o poema Outono é muito bonito.
Beijo
Cris,gracias por tu visita..!
Vengo a verte y aunque no entiendo el idioma brasileño, me quedo con ese magnífico autor al que rindes homenaje,Jorge Amado..!!Hombre de la tierra con aroma a café y a costumbres enraizadas y entrañables..
Un abrazo y hasta pronto amiga.
M.Jesús
Jorge Amado, um escritor maior.
Abraço
Luisa
Muito interessante e instrutivo este post. Jorge Amado descreveu a MULHER como poucos - me desculpem as feias, mas beleza é fundamental :), do poema Receita de mulher. Conheces?
Fica bem.
Majecarmu, lamentablemente no podemos leer a los grandes escritores en su lengua original, aunque sería lo ideal, de todas maneras en las buenas traducciones de las novelas de Jorge Amado podemos adentrarnos en las historias de sus personajes en esa Bahía que tan bien conocía y amaba. Besos
Luisa e Guidinha, Jorge Amado é um escritor maior, com certeza. Nao conhecia o poema Receita de Mulher, vou pesquisar na net. Beijos
Cris, aparecí. Jorge Amado fue el primer escritor de novelas de amor que me devoré a los 15 años, despues claro, de leer la cabaña del Tio Tom, mujercitas, la guerra y la paz y anda mais. Lo amé como su apellido y realmente no sabia que era de Bahía. Gracias por el recuerdo que certifica el ensueño encantado de mi lejana adolescencia.
Sin querer ser eternos adolescentes, en un rincón de nuestro corazón siguen vivos los recuerdos y algunas rebeldías un tanto domesticadas, por el tiempo que le dedicamos? Tal vez....
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